Se tem algo que o Big Brother Brasil cobra insistentemente dos participantes é o tal “posicionamento”. Quem fica em cima do muro é duramente criticado, quem joga dos dois lados é taxado de falso, e quem não se compromete vira alvo da casa e do público. Mas quando chega a hora da própria direção do programa se posicionar, a história muda. A edição de terça-feira (19) deixou isso escancarado: a maior sabonetada da noite não veio dos brothers, mas sim da Globo.
Tadeu Schmidt, que já mostrou que pode ser certeiro e contundente quando quer, optou por um discurso vergonhosamente brando na eliminação de Gracyanne. Dizer que a Leoa saiu porque “preferiu, da metade do jogo pra frente, não incomodar as pessoas” não só foi um eufemismo barato, como uma tentativa de suavizar a trajetória de uma jogadora claramente marcada por incoerências. Grace não foi eliminada por ser discreta, mas por jogar um jogo falso. O público percebeu isso, e o discurso de Tadeu tentou reescrever a narrativa de maneira conveniente, porém sem vergonha na cara. Definitivamente, Tadeu PIPOCOU!
E se a eliminação já veio com um banho de sabonete, o Mais Você desta quarta-feira (20) transformou os estúdios de Ana Maria Braga em um verdadeiro mar de espuma. Para variar, Ana Maria adotou sua tradicional diferença de tratamento entre os eliminados do Camarote e da Pipoca. Grace, que era a queridinha da casa e da produção, recebeu um tratamento cuidadoso, com perguntas leves e uma abordagem que evitava qualquer desgaste. Enquanto isso, outros eliminados, quando não são os favoritos, costumam enfrentar entrevistas bem mais duras.
Essa postura complacente só reforça uma impressão que já vem se consolidando há tempos: a direção do BBB protege quem lhe convém e não tem a menor vergonha de manipular as narrativas. Quando um participante não é do agrado da produção, ele sai do jogo carregando rótulos pesados. Mas quando a eliminada faz parte do grupo dos queridinhos, a saída é pintada como consequência de um “erro de estratégia” inofensivo ou uma simples mudança de postura.
O grande problema disso tudo é que a Globo cobra um jogo limpo e transparente dos participantes, mas se recusa a aplicar a mesma regra para si mesma. Como exigir posicionamento dos brothers se o próprio discurso de eliminação foge do que realmente aconteceu? Como manter a credibilidade do programa quando as entrevistas pós-eliminação escancaram um tratamento diferenciado que o público percebe de longe?
Se a Globo quer que o Big Brother continue relevante, precisa começar a jogar com as mesmas regras que impõe aos confinados. O público não é bobo, e o favoritismo escancarado só afasta ainda mais a credibilidade do programa. No fim das contas, a maior jogada dupla da edição não veio de Grace, mas sim da própria direção do reality.
